A paixão exacerbada no meado do século XVIII pelo nascimento da opinião pública acabou entrando em choque com outras, dentre elas, o ciúme dos rivais, sempre prontos a estragar o prazer de desfrutar um sucesso. Efêmera, às vezes amarga, a glória do intelectual tinha que ser permanentemente reconquistada. E essa reconquista era cada vez mais difícil. “Liberdade, verdade e pobreza”, declarava D’Alembert, “são as três palavras que os homens de letras deveriam ter sempre diante dos olhos.” Esse austero tríptico era a expressão do novo orgulho do intelectual: a exigência de dignidade. A exigência de dignidade não era apenas uma reivindicação social e psicológica, mas também uma virtude moral. E quando se evocava constantemente o respeito próprio, como no caso de D’Alembert ou de Rousseau, o mínimo desvio da lei custava muito caro.