Como uma semente que vagou ao vento, Apolinária — ou Polu, para os íntimos — deixou para trás um marido que nunca amou em Tabocas do Brejo Velho, no interior da Bahia, às margens do rio São Francisco, e foi germinar em São Paulo, em 1946. Sozinha, se estabeleceu na periferia da capital paulista e criou dois filhos, trabalhando como servente e empregada doméstica. Viu sua árvore crescer e dar frutos às custas de força e perseverança.Neste romance, que consolida Bianca Santana como uma das principais escritoras brasileiras em atividade, as vozes da neta Bianca e da avó Polu se alternam, conforme a primeira tece com maestria memória familiar e pesquisa histórica, a segunda explora a fina linha que une a família, o dia a dia que sobrepassa o racismo e a ascensão social por meio do trabalho. O resultado é um convite para nos aprofundarmos nas nuances da identidade negra no Brasil.Apolinária também ilumina marcos históricos como a Lei de Terras de 1850 — que privilegiou elites em detrimento