“Foi o brilho”, assim começa As aventuras da China Iron. A história conta o renascer de Iron, mulher mestiça que escapa do marido acompanhada da cadela Estreya. Elas encontram Liz, uma inglesa com quem cruzarão a pampa argentina rumo ao delta do rio Paraná. Tudo nesta narrativa é intensificado sob a luz pampeana: cores, saberes-sabores, o amor lésbio, a linguagem prismática e a comunicação interespécies.
A paródia do Martín Fierro, livro fundador da literatura argentina, alcança aqui seu princípio modernizador: uma relação dialética faz do modelo um antimodelo ao criar sentidos textuais novos e muito além da imitação.
É algo único o estilo de Gabriela Cabezón Cámara. Mas acaba por filiá-la a uma particularíssima família de refundadores do espanhol rio-platense: Una excursión a los indios Ranqueles, de Mansilla; Zama, de Antonio di Benedetto; Gualeguay, de Juan L. Ortiz; Eisejuaz, de Sara Gallardo; El entenado, de Saer.
Poucas vezes um livro inadiável recebeu de seus contemporâneos o